Quando a tragédia da boate Kiss completou uma década, em 27 de janeiro de 2023, um termo de compromisso entre a prefeitura e a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) foi assinado para a construção do memorial. O projeto também foi apresentado ao governador Eduardo Leite (PSDB), que afirmou dar apoio integral, bem como ajudar na busca dos recursos.
Em mais um dia 27, o Diário traz uma retrospectiva dos esforços que incluem a desapropriação do prédio onde funcionava boate, o projeto do memorial (escolhido por meio de um concurso público em 2018) e um recente termo assinado com o Executivo municipal.
– Estamos com termo assinado e contando com apoio de muita gente. Sabemos que o valor para executarmos essa obra será em torno de R$ 4 milhões. E ainda em 2023, queremos esse memorial para Santa Maria – reitera o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB).
Não foram adiantadas informações de prazos específicos ou meios para adquirir recursos que garantam a construção do prédio em homenagem às vítimas da tragédia.
Em nota, o governo do Estado informou que “considera meritória a proposta da construção do memorial e informou ao prefeito Pozzobom que estudará as possibilidades de apoio, em especial na articulação conjunta, para viabilização do projeto”.
A atuação do Estado se dará no âmbito do apoio institucional e estudo de alternativa para viabilização do projeto.
O memorial será construído onde hoje fica o prédio da boate, na Rua dos Andradas, no Centro. O imóvel foi desapropriado pela prefeitura e cedido à AVTSM.
O Diário tentou ouvir o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas, Gabriel Rovadoschi Barros, para comentar o assunto e avaliar as propostas de apoio do governo do Estado e da prefeitura de Santa Maria. Contudo, Barros não atendeu as ligações nem retornou as mensagens deixadas pela reportagem.
Nesta segunda-feira, a AVTSM informou que o presidente em férias e, na próxima semana, retorna às atividades.
Recentemente, políticos informaram que propuseram a ajudar na construção do Memorial da Kiss, oferecendo recursos via emendas parlamentares. Um deles, inclusive, informou ao Diário, em janeiro deste ano, ter como destinar os R$ 4 milhões à obra. Contudo, a AVTSM informou que não recebeu nenhuma proposta.
O memorial
Ao longo de 2017, foi lançada uma campanha. A primeira etapa que incluiu a concepção do memorial foi uma arrecadação, por meio de uma plataforma digital, para a execução da segunda: um concurso público nacional de arquitetura. A terceira, ainda aguardada, era a construção do memorial
Em julho de 2017, em uma única cerimônia, prefeitura assinou os termos de desapropriação do imóvel onde funcionava a boate Kiss, por R$ 1,3 milhão, e de cooperação com a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia. Além disso, foi lançado o concurso para construir o memorial
Em agosto de 2017, A AVTSM, com apoio da comunidade, encampou um financiamento coletivo para escolher um projeto para a construção de um memorial
Em novembro, a meta foi alcançada
Em abril de 2018, por meio de um concurso público, o projeto de Felipe Zene Motta foi escolhido
O vencedor é de São Paulo (SP) e, a obra foi orçada, à época, em R$ 2,2 milhões
Ao todo, foram 133 inscrições, de 14 Estados diferentes (quase um terço dos inscritos eram gaúchos). Do total, 121 projetos foram entregues e avaliados pela comissão julgadora, formada por cinco titulares arquitetos. Desses, 10 trabalhos foram aprovados e encaminhados à comissão classificatória, formada por familiares e representantes da comunidade indicados pela AVTSM. A comissão classificou os projetos do primeiro ao quinto lugar
Ao longo dos anos, nenhuma intervenção para o memorial foi feita no prédio onde funcionava a boate, na Rua dos Andradas. Um dos motivos foi à espera do desfecho judicial do caso, que teve júri em 1º de dezembro de 2021
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*Colaborou Marcos Fonseca